Banca República - 40 anos

18/10/2013
Banca República - 40 anos

Quando um empreendedor se torna um empresário bem sucedido, é inevitável que se busquem as razões de sucesso. Será que ele tem aguçado espírito de liderança? Ou é um administrador perspicaz? Ou, ainda, um comerciante bom de marketing?

Em geral, são razões voltadas ao mundo dos negócios. Só que as pessoas nem sempre consideram um outro aspecto, tão importante para o sucesso quanto todos esses acima: é preciso ter amor pelo que se faz. Como dizem os poetas, “o amor remove montanhas”, e também leva o empreendedor ao sucesso. Duvida? Então leia essa.

Em São Paulo, há 40 anos pulsa uma linda história de amor e de sucesso no mercado de bancas que merece ser contada. Situada numa das esquinas mais movimentadas do centro da capital paulista, no cruzamento da rua Basílio da Gama com a avenida São Luís, está a Banca República, que comemorou 40 anos em setembro.

No comando do negócio, está a jornaleira Ana Maria Domingos Pellegrini. De fala doce e coração afável, Ana irradia sua generosidade no trabalho e contagia seus colaboradores e seus clientes. Não há um pedido de informação ou um copo de água que seja negado. Pelo contrário, Ana está sempre disposta a fazer mais do que simplesmente atender, receber dinheiro, dar troco e cuidar de outras obrigações rotineiras que a banca exige. É assim, lidando com as pessoas, conhecidas e desconhecidas, como quem lida com um velho amigo, que Ana transforma sua rotina em um dia mais prazeroso do que o outro. E a cada dia, um novo gesto de alegria.

Um desses gestos, que não são raros para Ana, aconteceu há alguns anos. “Uma cliente esqueceu a carteira em cima do balcão, cheia de documentos e cartões. Abri e vi o cartão-fidelidade de uma farmácia próxima à banca. Fui ate lá, expliquei o que tinha havido e pedi que localizassem o endereço ou telefone da moça por meio do cadastro da loja. Eles a localizaram, e ela voltou à banca para buscar a carteira. Eu não estava, mas no dia seguinte ela retornou, me trouxe flores e disse: ‘Pessoas como você fazem a diferença na vida da gente’. Esse lado humano me pega muito”, conta a jornaleira.

Outra história: “Outro dia eu estava atendendo um cliente que comprava uma revista, quando chegou um senhor e ficou procurando moedas dentro da carteira dele. Parei e perguntei: ‘Meu querido, posso ajudar?’. Ele me respondeu: ‘Você está tão ocupada e ainda me chama de meu querido, toda atenciosa. Eu só queria comprar fósforo, mas não acho o dinheiro’. No fim, ele achou a moeda, recebeu o fósforo e foi embora. Retornou em 10 minutos com um bottom escrito ‘Gesto Significativo’. Fiquei emocionada. Eu me envolvo com a banca e atendo qualquer cliente com a mesma alegria, seja para comprar um fósforo ou uma dúzia de revistas importadas.”

Esses pequenos gestos da jornaleira se tornaram maiores do que o seu próprio negócio e atraem clientes como ímã. “Tenho um cliente há muitos anos, cuja neta veio da Nova Zelândia me visitar. Ela disse que queria conhecer quem era a ‘dona Ana’, que cuidava tão bem do avô dela.”

Não há dúvidas de que a receita de sucesso da ‘dona Ana’ é o amor que tem pelo que faz. “Já vi cliente que gestando um filho e vi o filho nascer. Depois essa criança passou a frequentar a banca. Com o tempo, o menininho que só comprava figurinha cresceu e se tornou um grande leitor, e hoje me manda seu convite de casamento.”

Esse coração grande e generoso, que envolve cada cliente e tornou-se a principal marca de sucesso da jornaleira, anda repleto de otimismo. Afinal, Ana sabe superar também os momentos difíceis. “Enfrentamos o surgimento e o avanço da internet. Superamos as obras para a construção do metrô, em que ficamos cercados de tapumes.Adaptamo-nos às mudanças do perfil de clientes em quatro décadas e modernizamos a banca, trocando de lata cinco vezes. Numa das recentes manifestações de rua, estávamos no centro do estopim e aspiramos fumaça das bombas de gás lacrimogêneo. Essa banca é praticamente uma Fênix, porque quando você pensa que será engolida pelo mercado ou por mudanças políticas ou sociais, ela renasce sempre mais forte e soberana”, diz.

Ana é casada há 40 anos com o imigrante italiano Paolo Pellegrini, com quem teve três filhos. Paolo também é jornaleiro, e gerencia outra banca do casal. “Ele é o cabeça do negócio, empreendedor, que participa de reuniões na Dinap”, conta. “Nosso foco sempre foi a venda de revistas e jornais, nunca nos desviamos disso. Sempre cuidamos para não deixar faltar produto, mexemos na banca, mudamos as coisas de lugar, renovamos, trocamos uma lâmpada se é para iluminar mais, damos destaque a revistas sazonais, e é isso que nos torna referência. Essa é minha querida banca, meu porto seguro, e meu trabalho é feito com o coração.”

Como 40 anos não se faz todo dia, a data não passou despercebida pelos clientes nem ela Dinap. “Os ‘meninos’ da DGB fizeram faixa linda em tom dourado, enfeitaram a banca com bexigas, trouxeram baldinho de gelo com champagne. Brindamos e tiramos fotos com os clientes. Também fizemos uma promoção: na compra de 40 reais em revistas o cliente ganhava um brinde. Foi um sucesso”, diz, com alegria. “Tantas pessoas vieram me abraçar nesse dia. Ali na banca eu existo. Tudo o que eu faço pelos outros, eu recebo de volta. É a lei do retorno.” Parabéns, dona Ana. Desejamos, no mínimo, mais 40 anos de sucesso.




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